18.8.05

Nova Hiperrevista

net art @ fapesp é um novo portal de cibercultura capitaneado, aparentemente, por Gisele Beiguelman. Segundo ela mesma, o portal é um compêndio de + Calls + Softcultura + art? art! art... + cyberpunk + Links + hacktivismo + News + copyfight + um montão de coisas.


No mesmo linguajar telegráfico, ela anuncia alguns highlights:
XGood: Retrotype discute a imagem da mulher nos games
Midiateca: Deleuze, Orson Welles, Paik, Waldemar Cordeiro estão lá
Evento: Geert Lovink, co-fundador da Net-time e Next 5 Minutes Festival, participa de debate na PUC
Livros: Words Made Flesh, How Open is the Future, Wide Open e outros lançamentos para copiar sem culpa.
what's new, pussycat?: Google.Print, Bernes-Lee fala de Blogs, A TV quer pular para fora da tela...

10.8.05

Padrões aos Pedaços

O Paço das Artes realizou, de 7 a 10 de agosto, seu primeiro simpósio internacional. Padrões aos Pedaços – O Pensamento Contemporâneo na Arte propôs-se a discutir a possibilidade de uma ruptura no atual cenário artístico. Há ou não paradigmas para serem quebrados? Há novas propostas?

Questão fundamental no que diz respeito à arte contemporânea, os meios digitais pautaram grande parte dos debates. Giselle Beiguelman, doutora em história da cultura, participou da mesa-redonda Mercado e Novos Meios Hoje: Falso, Pirata ou Apropriado?, no dia 9. A historiadora trabalha com mídias digitais e on-line e diz que a expressão pirataria não se aplica a certas práticas recorrentes nos meios digitais. “É um termo ideológico, do mercado, que remete muitas vezes à idéia de roubo, o que não ocorre, por exemplo, com o compartilhamento de arquivos ou com o Linux.”

Do ponto de vista benjaminiano, Beiguelman disse que, no caso da reprodução digital, não há perda de aura. “Os arquivos digitais são clonáveis”. O arquivo copiado é idêntico à matriz, “são ambos originais, ou ambos cópias”.

Da mesma mesa participou o músico Livio Tragtenberg. Ele apontou um paradoxo na indústria fonográfica digital: muito embora o advento do CD tenha possibilitado o começo de um “admirável mundo novo”, com som límpido, sem ruídos, é possível encontrar, atualmente, projetos que buscam um retorno ao analógico. “Há casos em que ruídos são adicionados ao som do CD”, afirma Tragtenberg, que não gosta de ser chamado de artista. “Prefiro o termo artesão”.

8.8.05

Sentidos e Processos

Anotem em suas agendas: o seminário "Sentidos e Processos" começa amanhã, às 20:00, na sala azul do Itaú Cultural, em São Paulo. Imperdível o palestra inicial de Bill Seaman, um artista americano que atua na fronteira entre a poesia, música e videoarte. Seu texto "OULIPO | VS | Recombinant Poetics" é seminal, pois recupera o projeto Ouvroir de Litterature Potentielle e o coloca frente a frente com a cultura da remixagem, outro tema que será abordado no seminário no dia 10. O projeto OULIPO, estabelecido por um grupo de escritores em 1965, pretendia aplicar a matemática na literatura, gerando um tipo de poesia calistênica ao exercitar uma verdadeira "ginástica textual". Queneau, por exemplo, escreveu um enorme lipograma, isto é, um livro composto inteiramente por palavras sem a letra "e". O texto, elaborado sob essa absurda constrição, exaltava a chamada Bela Ausente (Le Belle Absente), ou a falta propositada de um elemento ortográfico crucial ao longo de um texto. Seaman parte dessa premissa ao criar instalações que produzem resultados emergentes por meio de regras explícitas, estipuladas por constrições de todos os tipos (Aliette Guibert escreveu que a experiência de carregar o site Kunstradio num Windows 95 é semelhante a escrever um lipograma oulipiano).


No dia 10, as curadoras da exposição "Cinético_Digital" vão discursar sobre a exposição com o objetivo de apagar um mal entendido que saiu na Folha no dia 16 de julho. Segundo a crítica publicada, a incorporação dos objetos cinéticos de Palatnik dentro da categoria "instalações" era por demais forçada. João Domingues, do Canal Contemporâneo, publicou um texto das curadoras bastante esclarecedor, no qual há o seguinte trecho: No módulo instalações, são os trabalhos de Abraham Palatnik (1928) que iniciam o percurso do visitante. O princípio orientador do módulo diz respeito às propostas de mediação entre obra e receptor, pensadas desde a arte cinética. Quando começou sua pesquisa cinética no contexto da arte, Palatnik estava experimentando novos caminhos sobre as relações sensoriais e perceptivas entre obra e espectador. Devido a esse fato, suas idéias passaram a ser referências fundamentais na criação da arte interativa. Nos cinéticos de Palatnik, o movimento real da própria obra, construído por meio de artefatos industriais-mecânicos, é utilizado como princípio poético. Este é perseguido na intenção de provocar diferentes modos de organização da sensibilidade, os quais visam capturar o receptor por meio da renovação de práticas receptivas. Nada como uma cor-luz no final do túnel...