20.7.08

Contra-relógio

Em recente artigo para o The Independent, Tom Lubbock analisa o quanto explicações sobre obras de arte contemporânea têm ganhado mais ênfase do que a própria obra explicada. Usou como exemplo a performance “Work No. 850”, de Martin Creed, em que sprinters correm pelos corredores da Tate Britain em intervalos regulares. O problema de se textualizar esse tipo de trabalho, afirma o crítico, é que isso elimina interpretações pessoais levantadas por observadores únicos. E não é que há certa razão nesse argumento? Por que teríamos que saber que o trabalho de Creed “celebra o físico e o espírito humano”? Além de ser ululante, esse tipo de explicação mata possíveis análises mais complexas, como a que ligaria a performance àquela cena em que os personagens do filme Jules et Jim apostam corrida pelos saguões do museu do Louvre. Afinal, esse não é um tipo de comportamento esperado num ambiente sóbrio como o de um museu, e essa é uma das propostas de Creed. Algumas pessoas têm notado a falta de “explicações” sobre as obras da quarta edição da bienal internacional de arte e tecnologia no Itaú Cultural. Uma das estratégias dos organizadores é fazer uma breve preleção a respeito do conceito no lobby de entrada e deixar que os visitantes façam suas devidas associações, articulem referências, estipulem deduções, processem redefinições e realizem suas próprias experiências estéticas. Obviamente, há um catálogo no prelo, onde estarão dispostos textos mais robustos sobre obras e conceito. Além disso, há os educadores circulando pelo espaço munidos com informações adicionais. O que não há – e nunca haverá – é uma lousa professoral no altar de Isenheim.

17.7.08

De Uma Vizinha...

Senhores,

Não sei qual foi a intenção do artista que criou a decoração da fachada deste belo prédio, vizinho de onde eu moro. Para mim, porém, é a representação perfeita da mente humana, desde o nascimento até a velhice.

Assim: na parte superior, a superfície branca está marcada por poucos traços de diferentes cores, o que, a meu ver, indica as poucas noções que o bebê pode reconhecer nos seus primeiros tempos de vida: mãe, frio/calor, fome, mamar...

Quando cresce, aumentam as informações que povoarão sua mente. Este processo se intensifica ao longo da vida e, na terceira idade, os dados são tantos e tão variadas as noções impregnadas na mente do velho que não há espaço para mais nada. Uma informação nova que é dada ao idoso é imediatamente esquecida, por mais que ele se esforce para guardá-la, pois não haverá mais espaço em sua mente sobrecarregada. Da mesma maneira que, na fachada do Itaú, seria impossível acrescentar novos riscos, na parte mais baixa. Sobretudo a do lado direito.

Felizes seríamos se fosse possível “apagar” as lembranças inúteis e/ou mais antigas, de maneira a dar espaço para novos conhecimentos. Talvez Conan Doyle. (ver “Um Estudo em Vermelho” – romance em que Sherlock Holmes conhece o Dr. Watson e disserta sobre a necessidade de só armazenar na memória o que interessa) pudesse nos ensinar a resolver esse problema que, para mim, é insolúvel.

Parabéns ao artista responsável pela intrigante decoração do Itaú Cultural que tanto aprecio.

Atenciosamente,

Maria Luiza Martins Campos

12.7.08

Ainda PKN-SP

As escritoras Andréa Del Fuego e Bruna Beber, em frente ao programa do Simpósio Emoção Art.ficial 4.0. Pelo rosto das duas, nota-se certa descontração pós-adrenalina. Del Fuego apresentou uma ficção sobre os condicionamentos estéticos a que estão sujeitas as mulheres na sociedade industrial. Já Bruna mostrou uma parte do currículo do Centro Educacional Futuro Incerto. Pelo visto o CEFI se preocupa com a excelência de seus alunos...

Ronaldo Bressane, um personagem não reconhecido, Cardoso e Bruna Beber. Bressane narrou suas últimas aventuras no Vale do Zuma. E o Cardoso é uma mistura simpática de MC e carrasco ("ainda não colocaram no mercado aquele gancho que aparece nos desenhos animados feitos para tirar personagens de cena"). Bruna Beber organizou uma festa pós PKN que, dizem, deve ser exportada para a próxima Flip ("sugiro que a franquia seja posta à disposição da Festa Literária de Paraty a partir de 2009...", disse Paulo Scott).

Roberto Kepler, Rúbia Paião, Edson Kumasaka, Fernanda D'umbra, Bruna Beber e o seu colega de CEFI. Kepler apresentou exemplos de sua poesia digital e Rúbia mostrou como funciona um "corpo performado". Já Fernanda e Edson extraíram personagens dos grafites da cidade e contaram uma historinha com eles. Uma idéia genial, não? As três fotos foram tiradas por Paulo Scott, um dos MCs convidados para o PKN-SP. Valeu, Scott!

10.7.08

Party on!

DJ Dibaba (acima), alter ego de Olle Cornéer, um dos autores de Bacterial Orchestra, gira os discos na festa de abertura da bienal internacional de arte e tecnologia de São Paulo, no último dia primeiro. Abaixo, Dimitre Lima, um dos magos da arte generativa brazuca, em performance de living image. Ao seu lado, Jarbas Jacome, com seu ViMus (software flexível que pode ser usado no VJeing – trabalho vencedor do Rumos Arte Cibernética, carteira pesquisa), remixa desenhos feitos na hora pelos festeiros com seu aplicativo. É a emergência invadindo todos os aspectos do evento.

8.7.08

O Veículo Luz

A "Vênus Platinada" realizou aqui e acolá reportagens sobre a “Bienal Internacional de Arte e Tecnologia”, sem dar nome aos bois. Há um lado positivo nisso: o evento Emoção Art.ficial já é uma instituição na cidade de São Paulo. Já Edilamar Galvão preferiu não só nomear os objetos, como conseguiu audaciosamente ir onde nenhum veículo (de imprensa) jamais esteve.

7.7.08

Connect or Die

Na íntegra, o vídeo do Dr. Wires no primeiro volume do Pecha Kucha Night - São Paulo. Verdadeiro agent provocateur, fomentador de boas conspirações e pregador da conectividade (não apenas no sentido tecnológico), o "misterioso e performático" personagem (nas palavras de Cardoso, um dos MCs do PKN-SP), demonstrou por A + B como os observadores imprimem sentido às obras de arte, procedimento que quase cria uma co-autoria. Wow!

4.7.08

Club

Astrid Klein, uma das idealizadoras do Pecha Kucha Night, dá as boas-vindas ao Pecha Kucha Night - São Paulo, que foi inaugurado ontem, no auditório principal do Itaú Cultural. O blog da Folha Online postou as razões pelas quais o formato foi trazido para integrar o simpósio Emoção Art.ficial 4.0 - Emergência!

2.7.08

Fios Prateados

Dr. Wires e um dos organizadores da exposição Emoção Art.ficial 4.0 - Emergência! trocam memórias na festa de abertura do evento, que contou com mais de 1.200 pessoas.

Regras Simples

Amanhã começa a grande maratona do Pecha Kucha Night - São Paulo, parte integrante do Simpósio Emoção Art.ficial 4.0 - Emergência! Os participantes são: Andrea Del Fuego, Roberto Keppler, Angelo Palumbo, Dr. Wires, Ronaldo Bressane, Bruna Beber, Fernanda D'umbra + Edson Kumasaka, Marion Velasco, Eloar Guazzelli, Cláu Martin, Rafael Beznos, Daniela Porto, Jesus de Paula Assis, Christine Engelberg, Kiki Jaguaribe, Eva Uviedo, Ana Paula Albé, Rúbia Paião, Daniel Dias, Paulo Scott, Ale Marder + Felipe Morozini, Margarida Girão e Rebeca Lenize Stumm. O PKN é uma forma de criticar a modorra imposta pelas apresentações de PowerPoint, que geralmente duram mais do que a paciência normal comporta. É também uma forma de tirar as pessoas de frente de seus computadores para fazê-las interagir na vida real, realizando o que o grande ciberneticista britânico Gordon Pask chamava de Teoria da Conversação. Os MCs do PKN-SP serão Paulo Scott e André Czarnobai (a.k.a. Cardoso), os dois responsáveis pelo PKN-PoA, a primeira cidade brasileira a receber a franquia de Tóquio.