29.6.07

Continuum Perpétuo


Esse blog está meio parado ultimamente por um bom motivo: a preparação do evento Memória do Futuro, que comemora os 10 anos de arte e tecnologia no Itaú Cultural. Na base do pinga-gotas, informações e curiosidades serão inseridas aqui. Há uma expectativa especial em torno do simpósio, que contará com a participação de figuras emblemáticas. Julian Dibbell, por exemplo. A revista do New York Times publicou na semana passada um longo artigo dele sobre os "garimpos" da China, lugares que contratam jogadores de videogame para produzir a moeda do jogo, que é trocada por dinheiro real por gente de todo o planeta. Sem proselitismos: é imperdível.

Contextualizando o simpósio: Seja por motivos intuitivos ou psicológicos, o tempo sempre foi representado linear e cumulativamente ao longo da história. Destarte, passado, presente e futuro formam uma sucessão de momentos indivisíveis. Depois de Minkowski e Einstein, tempo e espaço uniram-se numa única entidade chamada de continuum – e os segmentos temporais, antes progressivos, se juntaram no presente absoluto. Tempos interligados e espaços comuns compõem um cenário no qual o instante é comprimido e as fronteiras nacionais são substituídas por espaços simbólicos. Ambientes virtuais, redes sociais, autorias colaborativas e sistemas complexos deságuam no continuum do novo milênio.

No dia 4 de Julho, o simpósio inicia-se com o key note Tempo e espaço, uma explanação do astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão acerca do continuum, conceito oriundo da física que se refere ao composto espaço-temporal e ao princípio do evento.

No dia 5 de Julho, a mesa Propriedades e espaços comunais vai refletir sobre o continuum do conhecimento. A lei de propriedade intelectual, tal como está, interrompe e evolução da conhecimento para assegurar direitos individuais. Qual é o sentido de se proibir a recomposição de conteúdos candidatos ao rol de bens simbólicos universais? A cultura, mais do que nunca, pede passagem; o direito de passagem (com Ronaldo Lemos e Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses).

No dia 6 de Julho, o supracitado Dibbell, em conjunto com Eduardo Viveiros de Castro, fala sobre Universos e metaversos, uma reflexão sobre o continuum cultural (apud Ralph Linton). A cultura como uma espécie de alma do mundo, comum a todos os seres. É possível reunir a tendência multiculturalista da cultura ocidental com o multinaturalismo dos povos indígenas das Américas? Talvez isso já esteja ocorrendo dentro dos espaços múltiplos e interativos dos universos virtuais...

E, para fechar, no dia 7 de Julho, a mesa Controle e autonomia discutirá sobre o continuum desses dois elementos que, aparentemente, formam um oxímoro, mas que estão mais interligados do que nunca. A cibernética é a disciplina que estuda os sistemas – ou organismos – complexos e adaptativos. Rebate a incompatibilidade entre homens e máquinas, não os igualando, mas colocando-os sob o mesmo prisma. O que torna possível a percepção de sistemas complexos no reino animal, no mundo digital e, não menos importante, no campo político. Participam da mesa o ciberneticista brasileiro Isaac Epstein e a dupla Enrique Rivera e Catalina Holmgren, dois pesquisadores chilenos ligados ao instituto alemão ZKM e autores do projeto CyberSyn, que reconstitui por meio de uma instalação documental interativa o projeto de governo cibernético impulsionado por Salvador Allende e concebida pelo ciberneticista britânico Stafford Beer.

Feriado constitucionalista? Pense duas vezes...

16.6.07

Salvador or Bust!


No próximo dia 20, o Itaulab vai estar em Salvador, a convite do Goethe-Institut Salvador e da Universidade Federal da Bahia, para participar do ciclo de debates CIBERCULTURA REMIX – CULTURA LIVRE NO SÉCULO XXI. Será proferida uma palestra intitulada "As Duas Sementes de Dragão", cujo resumo é: Pensadores de povos localizados na periferia dos mercados globais substituíram o discurso da dominação colonialista pelo discurso de dominação cultural. Não mais o capitalismo procura por novas forças de produção e mercados emergentes situados nas bordas, mas por recipientes de caldos culturais imperativos. A perspectiva está lançada. Mas resta-nos acatar ou rejeitar a imposição? Ou haveria um tertium quid para o problema? O texto a seguir é calcado na premissa de que a chamada cultura hegemônica ocidental gerou dois singulares rebentos, ou melhor, duas sementes de dragão: a Internet...

...e a Antropologia.

7.6.07

Para a Sua Informação


Os leitores devem ter notado o sumiço da revista CIBERCULTURA do novo site do Itaú Cultural. Há uma explicação científica para tal ocorrido, fundamentada no espírito de época. No próximo dia 19, o Itaulab lança a nova Enciclopédia de Arte e Tecnologia que reúne dois produtos: o Panorama de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural e o veículo oficial do Itaulab. A nova enciclopédia é, portanto, um produto híbrido, mas que oferece novas funções para a participação do público e a formação de redes sociais.

Desde o iluminismo, as enciclopédias vêem exercendo um papel crítico na formação cultural da humanidade. Com o advento da Web 2.0, começa a configurar-se a tendência para dotar as enciclopédias de um modelo estrutural capaz de conglomerar as informações e, de quebra, descentralizar a elaboração de conteúdos. Os novos modelos, exemplificados na hoje respeitada Wikipedia, visam criar um ambiente colaborativo e favorecer a flutuação infinita das leituras possíveis, quer irradiando e cruzando os temas por elas tratados, quer reforçando o trabalho de indexação. Poderíamos afirmar que a os enciclopedistas deram lugar aos "wikipedistas"?

No dia 19, na sala vermelha do Instituto, essa pergunta será respondida por Lúcia Leão (dispensa apresentações) e Luis Henrique Fagundes, um dos responsáveis pela plataforma TikiWiki, a base da qual foi construída a nova enciclopédia. A dupla vai participar do debate que marcará o ponto de partida dessa nova aventura. Que Diderot e d'Alembert nos abençoem!

2.6.07

Ultima Peraltice de Hirst?

Talvez seja a magnum opus de Damien Hirst... “For the Love of God” é um crânio humano incrustado de diamantes no valor de cem milhões de dólares. O queridinho dos YBA foi longe demais dessa vez? Ou é o encontro glorioso entre arqueologia e arte contemporânea?