30.1.08

Troféus Robóticos

O mais recente trabalho de France Cadet, morando agora em Marselha, é uma série de 11 troféus de caça montados com os mesmos cachorros robóticos de Dog[LAB]01. Como em projetos anteriores, os bichos respondem aos movimentos do público (acima o leopardo e, embaixo, o impala).

23.1.08

Novo Realismo

A ficção científica (FC) é associada a um tipo de subliteratura com o argumento de que se produz muita porcaria dentro do gênero. Mas grande parte (algo em torno de 90%) de qualquer produção literária pode ser considerada porcaria segundo a Lei de Sturgeon, que, por sinal, foi assim chamada em homenagem ao famoso escritor de FC, Theodore Sturgeon. Pode-se pressentir uma retomada do gênero depois de ler um artigo na Wired, no qual o autor detecta uma saturação do realismo e que a FC seria a única alternativa para possíveis alterações da realidade. Foi recentemente lançado o ótimo io9, um blog coletivo de FC que fornece dicas essenciais para quem quer se atualizar sobre tudo o que acontece em torno do gênero. Confira também esse teatro de bonecos steampunk (cyberpunk vitoriano) e "My Little Golden Book About Zogg", uma paródia futurista e ácida em cima do famoso livro de catecismo infantil "My Little Golden Book About God".
UPDATE (24/01): Simon Sellars, do blog Ballardian, criticou negativamente o artigo de Clive Thompson para a Wired. O argumento dele é que nesse momento em que tornou-se impossível fazer qualquer previsão a respeito do futuro da humanidade, um texto fazendo encômios à FC não se aplica. Ele realmente não entende o motivo de todo esse entusiasmo geekazoid. Ele tem alguma razão. A naturalização de nossa própria cultura tende para a negação da particularidade de outras. As outras culturas são, dessa forma, "naturalizadas" em sentido oposto, são remetidas à natureza como anti-cultura (obrigado ao pessoal do Projeto AmaZone por esse esclarecimento). De qualquer forma, a provocação de Thompson começa a fazer sentido quando notamos que os autores atuais de FC não estão pensando EXATAMENTE no futuro. Diz-se que o melhor futurista é aquele que prevê o presente...
UPDATE (2/02): A garrafa pet gigante do Srur saiu no io9!

11.1.08

Grande Vazio

Duas galerias norte-americanas – Art Interactive e AXIOM Gallery – juntaram esforços para montar a exposição Some Sort of Uncertainty, com curadoria da colombiana Adriana Rios. Segundo um trecho do briefing, a exposição “convida os visitantes a reconsiderar suas expectativas sobre uma exposição de arte apresentada em um espaço aparentemente vazio”. Sob condições (mais proposta, conceito, mecanismos, momento histórico, leitmotif, etc.) diferentes, esse filme será também mostrado em breve num famoso prédio situado no Ibirapuera, São Paulo.

10.1.08

Eu, Ele, Tu

Bom ano novo, leitores e leitoras! O primeiro post de 2008 tem relação com a nossa singela campanha ARTE TECNOLÓGICA TAMBÉM É ARTE CONTEMPORÂNEA e foi inspirada num post do blog Networked_Performance que aponta para um texto de 2005 de Jacob Lillemose. A epígrafe, de Steve Dietz, já indica o que vem pela frente: Curating new media is just like curating any contemporary art, only different. Vale à pena ler na íntegra. O que o autor sugere, em suma, é que o elo entre arte contemporânea e arte tecnológica seja efetuado por meio do conceito de “imaterialidade”. Sim, há que se encontrar essa terceira via, ou, a segunda pessoa, pegando uma carona na ótima conceituação de Eduardo Viveiros de Castro sobre a unidade transespecífica do espírito: "Seguindo a analogia com a série pronominal (Benveniste 1966a,b), vê-se que, entre o eu reflexivo da cultura (gerador do conceito de alma ou espírito) e o ele impessoal da natureza (marcador da relação com a alteridade corpórea), há uma posição faltante, a do tu, a segunda pessoa, ou o outro tomado como outro sujeito, cujo ponto de vista serve de eco latente ao do eu" (in A Inconstância da Alma Selvagem). A imagem que ilustra o texto é do trabalho First Person Movements, de Andrei R. Thomaz.