27.4.05

Pensata

A revista eletrônica MAzine, elaborada pelos doutorandos do Ravensbourne College, acabou de lançar um manifesto para as comunidades de rede. Assinam o documento: Nettime, Syndicate, NetBehaviour, Rhizome, In These Times, Reingold Brainstorms Community, Emergent Democracy e ERiders. No item 3, está disposto: Networked Media promotes fluid cross-cultural, cross-specialist exchange, offering valuable tools and relationships to isolated individuals as well as institutions of research, education, business and government. O pessoal do FILE já fez uma proposta semelhante ao Itaú Cultural. A mídia arte (ou melhor: a arte em mídias digitais e eletrônicas) é uma área em amadurecimento no Brasil, e isso torna necessária uma troca maior de conteúdos e relatos entre os agentes. Mas isso não se verifica no decorrer dos percursos, pois os mesmos agentes assumem que são multiculturalistas apenas no que se refere à nossa notória democracia racial. O mundo espera que o Brasil exporte sua multiracialidade para o mundo, já que a nossa pátria foi a única que "resolveu" a questão racial. Bem, se somos em tese multiracialistas, haveremos de ser multiculturalistas em todas as questões, mesmo as que envolvem uma concorrência mais aguerrida. Outra concepção errônea referente à falta de colaboração na área de arte tecnológica no Brasil foi criada também pela chamada subjetividade capitalista. Numa sociedade em que o capital é rei, o ato de concorrer é mandatário. A concepção galbraitheana - baseada no conceito de mercados econômicos - declara que as aspirações humanas são grandes (para não dizer infinitas), enquanto os recursos são limitados. A escassez de recursos é uma verdade aceita "a priori" e raramente é contestada numa sociedade capitalista. Mas, se o próprio dinheiro é uma entidade passível de contestação (compare os pontos de vista de um franciscano e de um financista a esse respeito), então a escassez seria muito mais. Há escassez de arte tecnológica no Brasil, assim como há "escassez" de freqüências para concessões de tevês? Que maravilhas escondem as garagens de cientistas e artistas brasileiros preocupados com as novas tecnologias? Em breve, uma tentativa de resposta.

18.4.05

Cidade Interativa

Cidade das sombras, desafio colaborativo, histórias híbridas, não-lugares, playgrounds alternativos, arqueologia urbana, cidade exposta, cruzamentos abertos, cidade operacional, cidade hackeada, cidade parasita, cidade de código aberto, economias alternativas, tipos de prefeituras, mapeamento de comunidades, cidades paralelas...


A listagem apresenta alguns dos assuntos que serão abordados em Interactive City, festival global ligado ao ISEA2006. Notem que a proposta é diferente do projeto de intervenções urbanas Arte/Cidade. Não é melhor nem pior. É diferente. E nisso está o mérito. As chamadas para os trabalhos estão abertas. Michael Rakowitz, are you copying?

14.4.05

The Meat

Dentro do seminário Corpo Representado, acontece hoje no Itaú Cultural a mesa "Corpo Virtual", com a participação de Lucia Santaella, (professora da PUC/SP, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais, Cimid) e Lucia Leão, artista, escritora, pesquisadora e organizadora do seminário Cibercultura (o nome lembra alguma coisa?). A discussão promete, pois o corpo hoje é artigo – digamos – dispensável dentro do contexto das redes. Mas qual a origem dessa idéia amalucada?


"O corpo é apenas um pedaço de carne". A constatação de Case, protagonista do livro Neuromancer, resume as dúvidas do corpo humano com relação a seu papel dentro dos meios de comunicação mediados por computador. As limitações do corpo tornam-se mais agudas dentro da "alucinação consensual" das redes de computadores, segundo a definição do próprio Gibson, autor do livro. Já na linguagem deleuziana da esquizoanálise, a rede cibernética seria um "corpo sem órgãos" que trafega e é trafegado por fluxos desterritorializados, como o capital e outros tipos de códigos recambiáveis.