20.10.08

Viva e Deixe Morrer

Após um breve período de mordaça, explicado em parte pela participação do Itaulab em recente evento no Espacio Fundación Telefónica, em Buenos Aires, o blog retorna à ativa comentando a atual discussão que se desenrola na lista do CRUMB (Curatorial Resource for Upstart Media Bliss), repositório obrigatório para todos os que atuam na fronteira entre arte contemporânea e artemídia (pegando o gancho taxonômico usado atualmente pela Mostra Sesc de Artes). Criou-se o quid pro quo em função do fechamento do departamento de Live & Media Arts do ICA, em Londres, decisão anunciada com ares de pêsames por Emma Quinn. Não ficou exatamente claro se foi tomada por motivos financeiros ou ideológicos, mas a iniciativa disparou uma discussão acalorada sobre a real necessidade de se separar “arte tecnológica” e arte contemporânea. Em suma, se o campo será assimilado ou simplesmente destruído pelo roldão da arte contemporânea. Segundo comentários de diversos luminares, parece que há um fundamento historicista tanto na separação, como na possibilidade de assimilação, a qual, por sua vez, evoca a idéia do “retorno do reprimido”. É notável que até hoje ainda não se tenha chegado a um acordo sobre a própria forma de categorizar essas novas práticas artísticas. Seria então a artemídia uma atualização das artes liberais? Independente do termo ou da nomenclatura, aparentemente o que vale é a ação. Para uns, as práticas em geral independem da mídia (ou da técnica aplicada); para outros, as práticas específicas acoplam novamente arte e técnica, indivisíveis por natureza. De qualquer maneira, a desconfiança de unir arte e indústria (setor artífice da técnica) vem de outros carnavais, como lembra Walter Benjamin (Passagens, UFMG e Imprensa Oficial) quando analisa as grandes exposições industriais ocorridas principalmente na França e Inglaterra durante o século 19. E, mais recentemente, os organizadores da exposição Art and Technology, ocorrida no Los Angeles County Museum of Art em 1969, observaram que alguns artistas ficaram bem incomodados com a possibilidade de desenvolver projetos em conjunto com empresas de alta tecnologia da época (entre eles estava Claes Oldenburg). É pouco provável que a discussão de CRUMB chegue a uma conclusão. Certamente, é sintomática. E merece um texto à parte.