Arte tecnológica... Existe tal entidade? Certamente. Mas não de forma absoluta. Não é um Universal Concreto, como seus detratores apregoam; mas também não é um Absoluto “em si e por si”, como insistem seus defensores. Que há uma lacuna, isso há. Vazio este preenchido – eventualmente – por um fetiche tecnológico gratuito, asséptico e condescendente (a artista e teórica Giselle Beiguelman tem insistido nesse ponto). Uma coisa é certa: arte tecnológica está inserida perfeitamente no universo das artes visuais contemporâneas. Portanto, não há por que temê-la; não há por que diferenciar, por exemplo, categorias abstratas, como tipos de interatividade. “A interatividade que queremos é a social, não é aquela de brincar com joguinhos numa exposição de arte e tecnologia”, afirmou recentemente na mídia local o artista Maurício Dias, que está expondo, junto com seu parceiro Walter Riedweg, no Instituto Tomie Ohtake. Por que Dias faz questão de dissociar sua arte de qualquer resquício tecnológico, ele próprio que já participou de algumas exposições ditas de “arte tecnológica”? Por que tanta ojeriza? Será preciso muita força de vontade dos agentes para reverter o quadro. Sugerimos, então, para início de conversa, uma campanha para trazer o filho pródigo de volta ao seu lar, começando por um exercício de pensamento. Que tal colocar o robô lixeiro do grupo argentino Biopus (imagem acima) ao lado de uma candy work do artista cubano Felix Gonzales-Torres? É colocar uma representação da chamada arte tecnológica ao lado de um representante da chamada arte relacional. Será que Bourriaud (em breve aqui no Itaú Cultural) aprovaria? Talvez sim. Talvez não. Caso não, pode-se substitutir os pirulitos de Gonzales-Torres por outras guloseimas. O público, com certeza, iria adorar.
14.10.09
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