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Por outro lado, a discussão é benéfica do ponto de vista da narrativa. Por exemplo, quando pensamos em um game genuinamente brasileiro, o que vem à cabeça? Canudos, talvez. Cidade de Deus, Guararapes. Mas por quê pensamos em jogos do tipo "shooter", quando pensamos em games? Há algo de vicioso nesta postura. Nem todos os games são "shooters" e nem todos os jogos precisam necessariamente conter uma temática violenta ou uma narrativa que implique em contravenções.
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Repare, por exemplo, um desconhecido game para PlayStation 2, da Namco, chamado Katamari Damacy. O título, segundo a Wikipedia, significa, numa tradução livre, "bolo de coisas". O enredo é mais ou menos sobre a história da perda das constelações do firmamento pelo Deus do Cosmos. O objetivo do jogador é correr por vários cenários rolando uma bola que tem o poder de grudar os objetos do ambiente. Para reconstruir a constelação de Câncer, o jogador deve, por exemplo, fazer grudar na bola pequenos caranguejos. Além da originalidade da narrativa, outro aspecto que chama a atenção é o senso de lógica espacial e física criado pelo engine do jogo. Por exemplo, apesar de terem o mesmo tamanho dentro do universo disposto, é muito mais fácil fazer grudar no Katamari uma camiseta do que um vaso. Outros fatores dignos de nota são os gráficos e as cores. A estrutura é simples, mas as cores são compostas de forma equilibrada, dando a sensação de vivacidade. Talvez não seja prematuro afirmar que Katamari Damacy é um dos mais originais jogos da atualidade.
UPDATE (31/03): Veja os screenshots da seqüência do game. Nós queremos! Nós queremos!