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No Brasil, a discussão deve se concentrar em assuntos como a nova cadeia produtiva de música que começa a se descolar da economia oficial. Neste cenário, saem editores, distribuidores e arrecadadores e entram os piratas e camelôs, que passam a ser os novos agentes de facto. No artigo A Música Paralela, publicado na Folha de São Paulo em 13/10/2003, o antropólogo Hermano Vianna detecta e coloca em discussão a nova realidade: A música circula mais como bytes do que como objetos reais que podem ser comprados e manipulados no mundo 'não-virtual'. Os músicos não têm mais gravadoras nem o custo de prensar os discos, imprimir as capas ou distribuir os produtos – esse custo todo fica por conta dos camelôs e seus sistemas não-oficiais de indústria e comércio. Nota-se, neste cenário, que a mídia mais importante é o MP3 que vai para os DJs das aparelhagens ou dos programas de rádio e para as fábricas de quintal de CDs contratadas pelos camelôs. Mas como, perguntam-se os defensores do atual estado de coisas, os músicos vivem, se não ganham dinheiro com vendas de discos nem as sociedades de arrecadação de direitos autorais têm o mínimo controle sobre o que toca nos programas de rádio ou nas festas de aparelhagem? Hermano responde: vivem das apresentações ao vivo, é claro - e nisso parecem ser pioneiros e vanguarda da música pop em tempos pós-Napster.