17.10.07

Meda!

É impressão, ou um clima de paranóia aninhou-se em corações e mentes de artistas e pensadores contemporâneos? O assunto da privacidade e vigilância voltou à pauta do dia, vide o tema do Ars Electronica desse ano, evento no qual o Itaulab esteve presente in loco. Pergunta Gerfried Stocker, um dos diretores, no texto de introdução do catálogo: o que temos à disposição para contra-atacar as tecnologias de vigilância e controle? Uma possível resposta: as mesmas ferramentas aplicadas pelos supostos Big Brothers de plantão. Brian Holmes, em texto recente, intensifica a paranóia ao colocar a cibernética como uma das ferramentas com as quais o capitalismo selvagem invade e controla nossas vidas. Mas até o asfalto de Washington, DC sabe que a ciência e a tecnologia são amorais por natureza, e que seus usos são definidos por humanos. Por mais assustador que seja o cenário, é pouco provável (ao menos em curto prazo) que uma raça de andróides domine os humanos e instaure um verdadeiro "cibercapitalismo", nas próprias palavras de Holmes. Se a estratégia do capitalismo é chocar seu próprio ovo de serpente - na forma de uma rede mundial de computadores descentralizada e uma diversidade de antropologias antropofágicas - então como explicar a paranóia generalizada? Talvez porque esteja em nossos genes o código de um medo absoluto. Não que visões mais otimistas eximam-nos de uma postura crítica e combativa. O que está bem longe de uma rendição incondicional ou um medo primevo.