21.8.08

Mimesis de Quarto Grau

Desde que Ted Turner parou de colorizar filmes antigos – por motivos econômicos, é sempre bom lembrar – o debate a respeito desse procedimento aparentemente morreu. Mas o da apropriação de trabalhos alheios, não. Que o diga a fotógrafa e artista Sherrie Levine, mais conhecida por ter (re)fotografado as imagens realizadas por Edward Weston na época da Grande Depressão, assinando-as depois como suas (imagem abaixo). Sutilmente, Felipe Maciel reacende a discussão com fotos colorizadas de Henri Cartier-Bresson, simplesmente o ícone do P&B. Os projetos de Maciel e Levine são diferentes na aparência, mas similares na essência, se encararmos o procedimento não como apropriação, mas como complemento, co-autoria, colaboração, co-criação, co-(insira aqui a palavra desejada). Não há como não pensar em Platão nesse momento, que considerava toda a arte a imitação de uma imitação, um produto situado a três graus de separação da sua versão ideal. Se vivo fosse, Platão aumentaria um grau para esse tipo de produção. Hoje, as coisas estão mais calmas e, enquanto Levine se contenta em reencenar peças de Gertrude Stein, Woody Allen, o maior crítico da colorização de filmes, dorme mais tranqüilo. Mas o debate deve continuar. De todas as reações previstas por Maciel em seu blog, todas relacionadas a sentimentos de revolta, sente-se a ausência de apenas uma: “perplexidade”.

18.8.08

Nonada

Não é de hoje que este blog anuncia e preza uma certa publicação portuguêsa. Pois, pois. A revista NADA vai ser lançada em São Paulo amanhã, no SESC-SP (Av. Paulista, 119 - 15 andar). Além do lançamento, haverá bate-papo com autores (será que Eduardo Viveiros de Castro vai estar lá?), set experimental do DJ Camilo Rocha e projeção de fotos de Christian Pierre Kasper. En passant: você gosta de ficção científica? Então se ligue no quarto volume do Pecha Kucha Night - São Paulo!

3.8.08

¡Viva la Muerte!

Um blitzkrieg contra a exposição de Duchamp no Museu de Arte Moderna de São Paulo foi perpetrado hoje na Folha de São Paulo. O mais insidioso partiu de um teatrólogo germano-brasileiro que, depois de desenvolver diatribes sobre a inutilidade de se montar uma exposição como essa, terminou o ataque com a frase: A ARTE ESTÁ MORTA (em caixa alta mesmo). Será mesmo? O paradoxo da morte da arte já foi parcialmente resolvido com a proposta do teórico Hubert Damisch, que se valeu da teoria dos jogos para concluir que “se a partida ‘pintura modernista’ está concluída, não significa necessariamente que o jogo ‘pintura’ está acabado” (citado por Yve-Alain Bois no texto “Pintura: a Tarefa do Luto”, Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais ECA/USP, 2006). Sejamos menos historicistas (por que não se inventa a história?, aconselhava Musil). Fujamos desse ramerrão de decretar a morte de seja lá o que for! Bola para frente! (imagem acima do imortal José Guadalupe Posada)

1.8.08

Doomsday Machines

Qualquer semelhança é mera coincidência: Large Hadron Collider e sua contraparte, não menos famosa... A maioria dos pesquisadores concorda que a energia total será de um bilionésimo da necessária para a criação de um buraco negro. O vilão, segundo os alarmistas, é a chamada flutuação quântica, que pode “emprestar” a energia suficiente por frações infinitesimais de segundo. A tréplica é que, se assim fosse, micro buracos negros já estariam por toda a parte, pois seriam extremamente comuns.