O Paço das Artes realizou, de 7 a 10 de agosto, seu primeiro simpósio internacional. Padrões aos Pedaços – O Pensamento Contemporâneo na Arte propôs-se a discutir a possibilidade de uma ruptura no atual cenário artístico. Há ou não paradigmas para serem quebrados? Há novas propostas?
Questão fundamental no que diz respeito à arte contemporânea, os meios digitais pautaram grande parte dos debates. Giselle Beiguelman, doutora em história da cultura, participou da mesa-redonda Mercado e Novos Meios Hoje: Falso, Pirata ou Apropriado?, no dia 9. A historiadora trabalha com mídias digitais e on-line e diz que a expressão pirataria não se aplica a certas práticas recorrentes nos meios digitais. “É um termo ideológico, do mercado, que remete muitas vezes à idéia de roubo, o que não ocorre, por exemplo, com o compartilhamento de arquivos ou com o Linux.”
Do ponto de vista benjaminiano, Beiguelman disse que, no caso da reprodução digital, não há perda de aura. “Os arquivos digitais são clonáveis”. O arquivo copiado é idêntico à matriz, “são ambos originais, ou ambos cópias”.
Da mesma mesa participou o músico Livio Tragtenberg. Ele apontou um paradoxo na indústria fonográfica digital: muito embora o advento do CD tenha possibilitado o começo de um “admirável mundo novo”, com som límpido, sem ruídos, é possível encontrar, atualmente, projetos que buscam um retorno ao analógico. “Há casos em que ruídos são adicionados ao som do CD”, afirma Tragtenberg, que não gosta de ser chamado de artista. “Prefiro o termo artesão”.