18.3.07

Bacilos e Saúvas

Aqui vai uma paráfrase jocosa de Gaspari. MARIODEANDRADE@NET para BARBARA@UOL: os males do Brasil não são a pouca saúde e as saúvas; o grande mal é o atraso no campo das idéias. Se nem os filósofos nacionais conseguem conter suas emoções perante as barbaridades brasileiras, por que meros livres pensadores assim o fariam? Difícil mesmo é ficar calado após a leitura do texto Cultura de Bacilos, encontrado na Folha e divulgado na Internet como se fosse um “achado”. Nele, a jornalista ataca o Minc por investir em pontos de cultura relacionados ao funk, rap e hip-hop, pois isto não é “criação nossa”. O melhor seria, diz ela, investir em axé e música sertaneja, ou mesmo em divulgação de textos de Machado de Assis e Guimarães Rosa. Tupã! Livrai-nos de semelhantes mal traçadas linhas! Já é tempo de rebater visões inconsistentes de cultura, que irrompem solertes na mídia com incômoda freqüência. Há novas perspectivas, boa gente! E elas implicam em confusão! Para o seu governo, senhora, o hibridismo não é uma experiência biológica nazista; é o processo de aunar a uma cultura hegemônica as forças criativas locais e periféricas. Aliás, a própria idéia de “cultura hegemônica” cai por terra quando esta é recondicionada e injetada novamente no circuito das comunicações não apenas com uma nova roupagem, mas com um novo significado e um novo vetor. E essa é a boa nova! As novas perspectivas, senhora, enterram de vez posições puristas das quais se fundam as resistências vernaculares e as noções essencialistas de identidade! Até as famosas antinomias – popular/erudito, tradicional/moderno, local/global – empalidecem diante da proposta de uma cultura supranacional. Em resumo, senhora: criticar a McDonaldização da cultura é uma platitude tão antiga quanto pichar Yankees, go home! A onda agora, anote, é a confusão.

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