7.7.07

Crise = Oportunidade

Ontem aconteceu a terceira mesa do Simpósio Memória do Futuro com Eduardo Viveiros de Castro e Julian Dibbell. Bem, não com o corpo do último, mas sim seu avatar. O que não deixa de ter sentido num evento em que a virtualização é seu mote e seu princípio motor. O etnólogo digital teve problemas com o visto (senhores embaixadores: vamos acabar com a guerra da reciprocidade?) e não conseguiu embarcar a tempo para o Brasil. A equipe do Itaú Cultural envolvida com o projeto teve um princípio de choro e, em seguida, uma postura típica de Cassandra. No dia seguinte, o espírito de Cândido, o otimista, tomou conta de todos e um mutirão foi formado para se criar uma solução. Por que não colocar o avatar de Dibbell no Second Life (que, como é possível verificar na imagem acima, parece-se muito com ele) para falar ao vivo via Skype? A equipe de produção mobilizou-se para construir uma estrutura que, pelo que se tem notícia, apenas Philip Rosedale, CEO da Linden, consegue realizar. Dibbell teve o apoio de Falk Bergman, o avatar proprietário de uma livraria no SL que, além de comercializar livros reais, possui em seus jardins lindas cerejeiras e um telão de data show para apresentações. Foi nesse telão que Dibbel passou sua mensagem: a teoria do ludocapitalismo e sua recente experiência na China com os “garimpeiros”, jovens que vivem da venda de objetos virtuais, como tapetes de pele de urso, etc (ver post abaixo). Eduardo Viveiros de Castro, que tem tido problemas com o translado físico de seu corpo devido ao motim dos controladores de vôo e ao infame overbooking das companhias aéreas, ficou atônito. A experiência foi tão bem sucedida que o palestrante ausente conseguiu inclusive responder às perguntas da platéia. E por que não tivemos essa idéia antes?, perguntamos a ele. Because it's lunacy?, foi a sua pronta resposta.
UPDATE (17:52): A versão do Julian sobre esse ocorrido.
UPDATE (22:02): Aquela expressão citada por Julian ao final de sua palestra é Uncanny Valley, basicamente, um robô em forma humana causa menos empatia emocional que um personagem de desenho animado (realista ou não).
UPDATE (10/07): Hoje a Folha publicou a história (entrevista com Dibbell e Guest). Talvez pudessem ter explorado mais a presença virtual de Julian no evento, mas já está valendo.