12.11.08

Horror Vacui

Ao invés de criticar o formato da Bienal de Artes de São Paulo, talvez seja mais produtivo fazer “associações livres” em relação à “planta livre” do Niemeyer. Na Folha do último domingo, o crítico Jorge Coli lembrou que Yves Klein pintou de branco a galeria Iris Klert em Paris, na década de sessenta. Na mesma década, em 1969, Robert Barry divulgou panfletos apócrifos sobre o fechamento da galeria que o convidou para montar uma exposição. Em 1973, Mierle Laderman Ukele trancou as portas do museu Wadsworth Atheneum (Connecticut, EUA), numa performance durante a qual discutiram-se os sistemas de poder dos museus de arte. Curiosos são os desdobramentos dessas ações. Por exemplo, durante sua residência no OCAD (Ontário College of Art & Design), em 2007, Rirkrit Tiravanija foi convidado para uma individual na galeria da universidade. Corajosamente, ele resolveu apenas levantar um muro de tijolos na entrada de acesso ao espaço, sobre o qual pichou: NUNCA TRABALHE (imagem acima). Um truque? Não. Internamente, foi desenvolvida uma instalação de arte e vida, revelada ao público apenas meses depois, transformando desconfiança generalizada em expectativas preenchidas. Fala-se muito hoje em exposições “sem forma”, principalmente depois da Documenta 12. Mas o que acontece no Ibirapuera talvez seja algo “sem estribeira”.