17.7.08

De Uma Vizinha...

Senhores,

Não sei qual foi a intenção do artista que criou a decoração da fachada deste belo prédio, vizinho de onde eu moro. Para mim, porém, é a representação perfeita da mente humana, desde o nascimento até a velhice.

Assim: na parte superior, a superfície branca está marcada por poucos traços de diferentes cores, o que, a meu ver, indica as poucas noções que o bebê pode reconhecer nos seus primeiros tempos de vida: mãe, frio/calor, fome, mamar...

Quando cresce, aumentam as informações que povoarão sua mente. Este processo se intensifica ao longo da vida e, na terceira idade, os dados são tantos e tão variadas as noções impregnadas na mente do velho que não há espaço para mais nada. Uma informação nova que é dada ao idoso é imediatamente esquecida, por mais que ele se esforce para guardá-la, pois não haverá mais espaço em sua mente sobrecarregada. Da mesma maneira que, na fachada do Itaú, seria impossível acrescentar novos riscos, na parte mais baixa. Sobretudo a do lado direito.

Felizes seríamos se fosse possível “apagar” as lembranças inúteis e/ou mais antigas, de maneira a dar espaço para novos conhecimentos. Talvez Conan Doyle. (ver “Um Estudo em Vermelho” – romance em que Sherlock Holmes conhece o Dr. Watson e disserta sobre a necessidade de só armazenar na memória o que interessa) pudesse nos ensinar a resolver esse problema que, para mim, é insolúvel.

Parabéns ao artista responsável pela intrigante decoração do Itaú Cultural que tanto aprecio.

Atenciosamente,

Maria Luiza Martins Campos