6.12.05

Dzat Ferrari

Puro fetiche de velocidade é "C'etait un rendezvous", curta de Claude Lelouch realizado em 1976. De Porte Dauphine a Sacre-Coeur em menos de 8 minutos numa Ferrari 275/GTB.


Reação da misteriosa Netochka Nezvanova na lista Syndicate (ela é fascinada por Ferraris):

dzat ferrari = sndz !!!!!!!nssssssssSSSSZZZZZZZZZaaaaaaaane.
12 c!l!ndrz pulzat!ng zkream!ng !!!!!! UAAAAAAAAAAAANNNNNNNNNNNNT
uak!ng up all dze ne!ghborz. all d!v!ne !ntervenz!onz. all real!t!ez.
god. dev!l. hell. heaven. pzpzpzpzpz. vroom vroom. dounsh!ft +
tttttttttzzzzzzzzzzzzzzzzzz l!ghtzpeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeed
23lb6pr93x6b8r6868686rt86rt !!!!!!!!! m 9 n d f u k c !!!!!!!

5.12.05

Nomadismos Cíbridos

De 7 a 9 de dezembro, o Centro Universitário Senac promove o "4º Simpósio Cibercultura: Nomadismos Cíbridos". O evento, gratuito, organizado por Lucia Leão, conta com uma série de palestras que têm por objetivo promover o debate e o intercâmbio de pesquisadores e especialistas na área, sobre aspectos das mobilidades vivenciadas a partir de aparatos como telefones celulares, notebooks, PDAs e GPSs. Através desses equipamentos, as redes digitais se projetam e se difundem em paisagens complexas.


Estão confirmados no simpósio nomes como: Lucia Santaella, Giselle Beiguelman, Lucia Leão, Alexandre Braga, Priscila Arantes, Martha C C Gabriel, Lucio Agra, Otavio Donasci, Jorge Luís Antonio, Júlio Freitas, Maria Lucia Bueno, Ernesto Boccara, Anamelia B Buoro, Eduardo Braga, Gilbertto Prado, Caio Vassão, Roger Tavares, Romero Tori, Guilherme Kujawski, Fabio Fernandes, Sergio Basbaum, Diana Domingues, Equipe SciArts, Suzete Venturelli, André Lemos, Silvia Laurentiz, Mônica Tavares, Luís Carlos Petry, Marcus Bastos, Dalton Martins, Elaine Caramella, Mário Maciel, Paulo Barreto, Pollyana Ferrari, Hermes Renato Hildebrand e Rosangella Leote. A abertura será feita por Lucia Leão.

29.11.05

Fetiche dos Balcãs

\\ my newest classic auto.mobile - the very 1st saab
ultra stylish + dekapotabila + accomodates 1+1 \ some det ska vara
.
Palavras da inefável Netochka Nezvanova, ao descrever sua última aquisição automobilísitica Fonte: Syndicate (a melhor criatura de Lovink).



Reality Futurama

Essa peça é da exposição "Ted Williams Memorial Display with Death Mask from The Ben Affleck 2004 World Series Collection", na First Street Gallery, em Nova York.


É a máscara mortuária de Ted Williams (famoso jogador de baseball norte-americano), feita a partir da cabeça crionizada do jogador, que está sob os auspícios da misteriosa Alcor. A exposição suscitou o simpósio sobre relativismo (organizado pelo filósofo Elvio Baccarini) que será realizado na Croácia.

25.11.05

Profecia

Conrad Knickerbocker - Em vista de tudo isso, o que acontecerá com a ficção nos próximos vinte e cinco anos?
William Burroughs - Em primeiro lugar, penso que vai haver mais e mais fusão entre arte e ciência.

Entrevista realizada em 1965 (fonte: "OS ESCRITORES: as históricas entrevistas da Paris Review". Companhia das Letras, 1988)

4.11.05

Estética, Ética e Eigenbehavior

O livro "Arte e Mídia - Perspectivas da Estética Digital, de Priscila Arantes, ficou pronto! E ficou bastante bonito. O lançamento vai ser dia 17, quinta-feira, às 19 horas, na Livraria Cultura, que fica na avenida Paulista, 2.073. A artista e ensaísta Giselle Beiguelman lançou, no dia 3, o seu novo livro, “Link-se - arte/mídia/política/cibercultura/mobilidade", como parte dos eventos ligados ao FILE (que a cada ano fica melhor). A cena "cyber-melody" paulista se estabelece com força total.


Mas nem tudo são rosas no mundo da tecnologia... O mais novo arauto da tecnotirania (para usar uma expressão da própria Giselle) é nada mais nada menos que a Sony, que está instalando indevidamente rootkits nas máquinas de quem ouve um CD comprado LEGALMENTE. O programa de DRM (Digital Rights Management, um novo sistema digital de controle de direitos autorais) é instalado e fica INVISÍVEL aos olhos do Windows. Mas, para os olhos atentos, os padrões do mal podem ser desvendados...
(parafraseando Chico Buarque: chame o hacker!! chame o hacker!!)


Talvez seja mais prudente desligar o computador e apreciar a reprodução de "Plan d'évasion", de Pierre Alechinsky (dica de André Vallias).

25.10.05

Impressões de Belém de Pará

Belém do Pará, 20 de outubro de 2005
Uma cidade plana, fortificada, cercada pelos odores e cores do mercado Ver-o-Peso, protegido pelo forte que foi cenário da Cabanada, revolta dos oprimidos contra a Regência. Ato contínuo, IAP, bastião da cultura paraense. Os projetos são simples, mas extremamente bem executados. A parceria com o a Guiana francesa rendeu o excelente "Fios da Meada", contos amazônicos recontados por Paulo Nunes, e "Mots Tissés", contos de Guiana. O catálogo de produtos é notável: "Tipos e Mitos da Modernidade", de Octavio Ianni, e "Ritmos Amazônicos", de Tynnôko Costa. Co-produção do filme de animação "A Revolta das Mangueiras", junto com o pessoal do Anima Mundi. Na parte da tarde, rádio e preparação para a palestra de André Vallias. No rádio, DJ Dinho, o Tupinambá Treme-Terra, reverbera o cenário tecnobrega local, que se desenvolve em circuitos totalmente "off"-ICMS, "off"-notas fiscais e "off"-carteira assinada (Hermano Vianna). Festa de aparelhagem no Outeiro da Lapinha. Começa a palestra de Vallias, o poeta visual, ou melhor, verbovocovisual. Público pequeno, mas absolutamente atento. Vallias detém-se com mais cuidado em "ORATORIO", poema singular e plural que "labora, no convívio de códigos, os contrastes e confrontos da Cidade Maravilhosa, da holovisão arrebatadora no cocuruto do Corcovado à depressiva miséria das “margens” do Rio, do Morro do Céu ao rés-do-chão da Rocinha" (Roland Campos).


Belém do Pará, 21 de outubro de 2005
Uma caminhada até o Mangal das Garças. Na volta, incursão na igreja de São Alexandre, onde ouvimos com grata surpresa a guia discorrer num português mais refinado que o falado no Jornal Nacional sobre como as estátuas sacras esculpidas pelos índios remontam a uma fenotipia ameríndia; sobre o fato de São Sebastião não ter morrido flechado, mas sim com as infecções da Cloaca Maxima. Na última noite, um papo na Doca, com muito tacacá e suco de bacuri.

29.9.05

Refresh!

Transmitido em vídeo-conferência no Itaú Cultural, o Refresh!, primeiro simpósio internacional sobre a história das artes midiáticas, ocorre entre os dias 28 de setembro e 1 de outubro em Banff, Canadá. O keynote foi de Edmond Couchot, teórico francês da Paris 8 e estudioso das relações entre as artes e sistemas de visualização de informações. Sarah Cook descreve o primeiro dia. A first brief (and certainly incomplete) report from the Refresh conference. It's rainy and cloudy here in Banff, but when the clouds do lift there is fresh snow on the mountain peaks...


...Yesterday's agenda was very dense and tightly woven. I'm hoping for a little more unravelling today (and judging by the fact that Jon Ippolito has just played us a video of a Monty Python skit, I think we're in luck). Thursday afternoon's panel on Methodologies, chaired by Mark Hansen and Erkki Huhtamo seems to have been provocative and 'difficult' (in a good way) for the attendees. Mark talked about how new media is a break with art history in three important ways, in that it suggests:
1) the dissolution of the autonomy of the art object;
2) the shift from object-centered aesthethics to body-based reception aesthetics;
3) a break with the philosophical vocation of art - 'to give sensible presentation of the idea' (Hegel);
In regards the first point Mark critiqued the work of Rosalind Krauss and her writing of art history, namely her emphasis on a post-medium aesthetic. He argued that her answer to the challenges that new media art present to art history is to differentiate physicality from conventionality. He pointed out that Krauss focuses on artists who reinvent mediums in their practice (keeping in mind that mediums can be reinvented only when they have already become obsolete). I'm paraphrasing (and you can read his talk abstract here), but Mark argued that if you follow Krauss then so long as the work is new, the space separating its physicality from its status as a set of conventions remains invisible or inscrutable (naturalised). The implication of her approach being that what we call new media will become obsolete and then artists will come in and make work with it, which will then be called art. (Here, for the Art Formerly Known As New Media!) Mark rightly pointed out (and unfortunately due to the impending end of lunch there wasn't time for further discussion - which given the other panelists presentations is one of the reasons the afternoon was so dense/difficult), that the problems with this is that it prevents an art history of the present. Instead of following Krauss' lead Mark presented alternative examples of works of art where the embodied response of the viewer is disrupted or disjuncted (not a word I know, but you know what I mean), such as Douglas Gordon's 24-hour Psycho, arguing that that the differentiation between physicality and conventionality in many works of new media is less significant than the fact that the viewer's response is creative source of work's content (and not a condition of the work's medium). I found myself wondering (yet again) if it was indeed curators who were, through their practical work and not necessarily their theoretical work, the art historians of the present.

13.9.05

Haptic France

Daniela Kutschat e Rejane Cantoni vão mostrar a obra...


...no TRANSMISSIONS, parte do evento ICHIM 05, na França. Blast Theory, Joshua Kinberg (Bikes Against Bush) e Prof. Sekiguchi (Geo-Media Art Content Project) também estarão por lá.

5.9.05

Olho Cinético

O Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Estrasburgo está abrigando, até o dia 25 de setembro, a exposição "The Kinetic Eye – Optical and Kinetic Art, 1950-1975". Uma estrutura não cronológica e não monográfica – somada a uma coerência que junta estímulos visuais, ambientes sensórios e trabalhos cinéticos – pautou a curadoria. Isso permitiu a inclusão, no mesmo espaço, de artistas como Vasarely (ver abaixo a imagem da obra "Andromede") e Julio Le Parc.


A exposição está dividida em quatro "aspectos" (e não "módulos" ou "eixos"): "O Olho Cinético" (há três temas sucessivos: dinâmica da retina, aceleração óptica e hipnose visual); "O Olho Físico" (também com três temas: relevos transformáveis, confusão óptica e instabilidade física); "O Olho Neural" (uma seção que explora os temas dos modelos cibernéticos e da teoria da informação); e "O Olho Acústico" (uma apresentação de trabalhos sinestésicos e móbiles). Uma exposição de arte cinética com um outro ponto de vista.

18.8.05

Nova Hiperrevista

net art @ fapesp é um novo portal de cibercultura capitaneado, aparentemente, por Gisele Beiguelman. Segundo ela mesma, o portal é um compêndio de + Calls + Softcultura + art? art! art... + cyberpunk + Links + hacktivismo + News + copyfight + um montão de coisas.


No mesmo linguajar telegráfico, ela anuncia alguns highlights:
XGood: Retrotype discute a imagem da mulher nos games
Midiateca: Deleuze, Orson Welles, Paik, Waldemar Cordeiro estão lá
Evento: Geert Lovink, co-fundador da Net-time e Next 5 Minutes Festival, participa de debate na PUC
Livros: Words Made Flesh, How Open is the Future, Wide Open e outros lançamentos para copiar sem culpa.
what's new, pussycat?: Google.Print, Bernes-Lee fala de Blogs, A TV quer pular para fora da tela...

10.8.05

Padrões aos Pedaços

O Paço das Artes realizou, de 7 a 10 de agosto, seu primeiro simpósio internacional. Padrões aos Pedaços – O Pensamento Contemporâneo na Arte propôs-se a discutir a possibilidade de uma ruptura no atual cenário artístico. Há ou não paradigmas para serem quebrados? Há novas propostas?

Questão fundamental no que diz respeito à arte contemporânea, os meios digitais pautaram grande parte dos debates. Giselle Beiguelman, doutora em história da cultura, participou da mesa-redonda Mercado e Novos Meios Hoje: Falso, Pirata ou Apropriado?, no dia 9. A historiadora trabalha com mídias digitais e on-line e diz que a expressão pirataria não se aplica a certas práticas recorrentes nos meios digitais. “É um termo ideológico, do mercado, que remete muitas vezes à idéia de roubo, o que não ocorre, por exemplo, com o compartilhamento de arquivos ou com o Linux.”

Do ponto de vista benjaminiano, Beiguelman disse que, no caso da reprodução digital, não há perda de aura. “Os arquivos digitais são clonáveis”. O arquivo copiado é idêntico à matriz, “são ambos originais, ou ambos cópias”.

Da mesma mesa participou o músico Livio Tragtenberg. Ele apontou um paradoxo na indústria fonográfica digital: muito embora o advento do CD tenha possibilitado o começo de um “admirável mundo novo”, com som límpido, sem ruídos, é possível encontrar, atualmente, projetos que buscam um retorno ao analógico. “Há casos em que ruídos são adicionados ao som do CD”, afirma Tragtenberg, que não gosta de ser chamado de artista. “Prefiro o termo artesão”.

8.8.05

Sentidos e Processos

Anotem em suas agendas: o seminário "Sentidos e Processos" começa amanhã, às 20:00, na sala azul do Itaú Cultural, em São Paulo. Imperdível o palestra inicial de Bill Seaman, um artista americano que atua na fronteira entre a poesia, música e videoarte. Seu texto "OULIPO | VS | Recombinant Poetics" é seminal, pois recupera o projeto Ouvroir de Litterature Potentielle e o coloca frente a frente com a cultura da remixagem, outro tema que será abordado no seminário no dia 10. O projeto OULIPO, estabelecido por um grupo de escritores em 1965, pretendia aplicar a matemática na literatura, gerando um tipo de poesia calistênica ao exercitar uma verdadeira "ginástica textual". Queneau, por exemplo, escreveu um enorme lipograma, isto é, um livro composto inteiramente por palavras sem a letra "e". O texto, elaborado sob essa absurda constrição, exaltava a chamada Bela Ausente (Le Belle Absente), ou a falta propositada de um elemento ortográfico crucial ao longo de um texto. Seaman parte dessa premissa ao criar instalações que produzem resultados emergentes por meio de regras explícitas, estipuladas por constrições de todos os tipos (Aliette Guibert escreveu que a experiência de carregar o site Kunstradio num Windows 95 é semelhante a escrever um lipograma oulipiano).


No dia 10, as curadoras da exposição "Cinético_Digital" vão discursar sobre a exposição com o objetivo de apagar um mal entendido que saiu na Folha no dia 16 de julho. Segundo a crítica publicada, a incorporação dos objetos cinéticos de Palatnik dentro da categoria "instalações" era por demais forçada. João Domingues, do Canal Contemporâneo, publicou um texto das curadoras bastante esclarecedor, no qual há o seguinte trecho: No módulo instalações, são os trabalhos de Abraham Palatnik (1928) que iniciam o percurso do visitante. O princípio orientador do módulo diz respeito às propostas de mediação entre obra e receptor, pensadas desde a arte cinética. Quando começou sua pesquisa cinética no contexto da arte, Palatnik estava experimentando novos caminhos sobre as relações sensoriais e perceptivas entre obra e espectador. Devido a esse fato, suas idéias passaram a ser referências fundamentais na criação da arte interativa. Nos cinéticos de Palatnik, o movimento real da própria obra, construído por meio de artefatos industriais-mecânicos, é utilizado como princípio poético. Este é perseguido na intenção de provocar diferentes modos de organização da sensibilidade, os quais visam capturar o receptor por meio da renovação de práticas receptivas. Nada como uma cor-luz no final do túnel...

25.7.05

Boom art

Em tempos de SIMNUKE, um pouco de arte bombástica...


After Hiroshima: Nuclear Imaginaries Exhibition é uma exposição sobre o imaginário criado pela mais famosa bomba atômica. Absolutearts.com tem uma reportagem boa a respeito.

18.7.05

Onde Estão os Cronópios da Arte Tecnológica?

A curadoria de exposições de arte tecnológica não é tarefa trivial. Por ser uma forma nascente, as "obras de arte" que se encaixam nessa "categoria" tendem a trafegar numa espécie de terra média das artes, completamente envolta em névoa programática. Público e crítica se sentem, claro, esteticamente vilipendiados e, não raras as vezes, vítimas de um escárnio cósmico dos deuses maquínicos. É o preço que se paga pela evolução (ou devolução?) da história da arte, não afeita a concessões de maneira geral, principalmente depois do advento das "vanguardas". Mas não deixa de causar espécie que, em pleno século 21, a chamada "arte tecnológica" (ou arte em novas mídias, aqui os termos são dúbios) continua causando... Espécie! Mas isso é esperado e mesmo saudável, levando em conta o fator surpresa causado por tudo que é novo. Por outro lado, a crítica está desempenhando seu papel ao detectar ranços de tecnofetichismo na área, como bem o fez Luiz Camillo Osorio em recente crítica a exposição "Corpos Virtuais" (Centro Cultural Telemar), publicada pelo jornal O Globo. No texto, Osorio alerta que "as novas materialidades eletrônicas devem produzir novos espaços e tipos de exposição, senão o fascínio estéril toma conta". O alerta anti-tecnofílico é propositado.

O crítico de arte Fabio Cypriano, do jornal Folha de São Paulo, compartilha das mesmas aflições. Em matéria publicada no último dia 16, referente à exposição Cinético_Digital, ele deixou claro que há na produção recente de arte tecnológica um "certo deslumbre com a tecnologia que, em certos trabalhos, fica mesmo empobrecida perto do desenvolvimento atual dessa tecnologia no cinema, nos videogames ou no próprio cotidiano". O jornalista sugere que ao invés do fascínio tecnológico, os artistas contemporâneos deveriam seguir a senda iniciada pelos pioneiros, que problematizavam a tecnologia. Neste sentido, poderíamos dizer que o Partito Politica Futurista fazia uma crítica sistemática da velocidade automobilística? Como lembrou o escritor austríaco Robert Musil, os futuristas "exigiam o acelerismo, o aumento máximo da velocidade das experiências de vida através da biomecânica esportiva e da precisão acrobática". A crítica de Cypriano seria válida se as etapas de evolução artística estivessem inseridas num "continuum" conceitual e programático, mas esse não é o caso. Outra pergunta é: qual seria a dose certa da "problematização"? Algo entre o luditismo puro e o uso subversivo dos aparelhos? Ou algo entre um neofuturismo tecnofílico e um retro-vanguardismo tecnofóbico? A calibração proposta é complexa, mesmo sendo realizada em conjunto por artistas, público, curadoria e críticos navegando na mesma navilouca, o que, em se tratando de arte tecnológica, não é um trocadilho. De certa forma, a crítica de arte tecnológica pode acabar beneficiando as curadorias num movimento de "feedback loop", termo que explica como o fonógrafo influenciou, no início do século passado, a performance dos músicos de câmera, que passaram a corrigir seus maneirismos ao escutarem a gravação de suas apresentações, da mesma forma que os jogadores de futebol aperfeiçoam suas técnicas ao verem o replay de seus lances.


A questão curatorial é um elemento importante de todo o imbróglio. No Brasil (e, numa certa extensão, no mundo) a experiência curatorial no campo da arte tecnológica ainda é rarefeita. Mesmo no exterior, as preocupações continuam a todo o vapor. Um exemplo notório é o simpósio "Curating, Immateriality, Systems: On Curating Digital Media", recentemente realizado no Tate Modern, evento onde se discutiu, entre outras coisas, as várias maneiras de selecionar obras de net art, peças de arte em constante mutação que são produzidas de forma distribuída, como ilustra bem o modelo de Paul Baran. Qual seria a maneira correta de conciliar o espaço público dos museus que abrigam essa forma de arte com o ciberespaço público das redes? Luiz Camillo Osorio, na mesma matéria do jornal O Globo, responde que hospedar exposições na rede é "dar-lhes desdobramentos novos e imprevisíveis". Outra questão importante é: como as obras coletivas inseridas na rede podem ser arquivadas, já que essa é uma das atribuições principais de museus e instituições? Uma solução interessante foi apresentada no Tate Modern por Joasia Krysa, professora de mídia digital na Universidade de Plymouth, Inglaterra. O Kurator, explica Joasia, é um banco de dados de softwares de net art, que podem ser alterados e incrementados de maneira constante, como o são os softwares livres.

E quanto às estratégias curatoriais? Será possível, por exemplo, unir esforços e realizar uma curadoria de arte tecnológica em âmbito internacional, sem impasses geopolíticos? Uma experiência interessante foi contada por Susanne Jaschko, numa extensão do transmediale em Santiago, Chile, em 2003. No transmediale-extended.01, sua co-curadoria foi confrontada com modos de pensar, métodos e velocidade de trabalho completamente diferentes. Ao invés de abolir as idiossincrasias, o conselho curatorial resolveu mantê-las, criando dois níveis complementares de perspectiva: o local e o forasteiro. Outro aspecto fundamental é o tema e os recortes de exposições de arte tecnológica. Um evento que vale observar de perto é o Futuresonic 2005, também na Inglaterra. Unindo música eletrônica, exposições e simpósios, o conceito do evento estaria mais próximo do que Fabio Cypriano chama de "problematizar" a tecnologia. Na exibição "Fuzzy Logic", por exemplo, vários artistas computacionais mostram de forma inventiva e "politizada" como as máquinas téxteis do século 19 inspiraram os primeiros computadores.

6.7.05

Nada Igual

Saiu a última edição de uma das mais estimulantes revistas de Portugal, a NADA. Neste volume há uma entrevista a LAYMERT GARCIA DOS SANTOS, o sociólogo da tecnologia e um dos mais importantes pensadores brasileiros. Há também um texto de de MEGAN SCHLIPALIUS que fala da experiências do público em bioarte. E o artigo "Medicina Ortogonal - Trocas Terapêuticas para Curar a Arquitetura", do arquiteto ANDRÉ TAVARES.


1.7.05

Vanguardista da ASCII art

Waldemar Cordeiro talvez tenha sido o primeiro artista do mundo a fazer ASCII art, ainda na década de 60. Seus métodos e procedimentos serão explicados na exposição Cinético_Digital.

9.6.05

Realismo Capitalista

Por falar em semelhanças, o que tem a ver este cartaz encontrado num dos vagões do trem que vai de Baltimore a Washington DC, produzido pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA...


...e esse poster soviético? Será que o governo norte-americano está numa fase construtivista?

6.6.05

As Linhas Claras de Eisenstein

A Fundação Daniel Langlois está apresentando um projeto para Web dedicado a um sketchbook de Sergei M. Eisenstein (1898-1948), datando de 1914, quando o artista tinha 16 anos.


Os comentários são de autoria de Oksana Bulgakowa, que já escreveu uma biografia sobre ele. O desenho de abertura é um dos mais instigantes, por criar um mundo onírico em que a perspectiva é deformada como nos desenhos animados. A apresentação gráfica dos desenhos e dos metadados é primorosa.

3.6.05

Outros Mundos

O que "From The Reflections Series" (2001), de Jorge Llaca, tem em comum com...


..."Ophelia" (1851-1852), de John Everett Millais?


O assunto não está relacionado exatamente com arte tecnológica, mas não houve como resistir colocar vis-a-vis as obras de dois artistas completamente díspares, tanto no tempo e no espaço. A erotização da morte, como se verifica, é um tema universal. Ingmar Bergman que o diga. Mas talvez o grupo monochrom tenha ido longe demais, no projeto EXPERIENCE THE EXPERIENCE...

2.6.05

Do Cinético ao Digital

Leonardo/ISAST anuncia que Abraham Palatnik é o contemplado do Leonardo Award for Lifetime Achievement, reconhecimento pela notória produção de obras de arte tecno-científicas. O artista é incorporado, desta forma, a um panteão composto pelos artistas Gyorgy Kepes, Nicolas Schöffer, Max Bill e Takis.


Em Julho, teremos a honra de exibir no Itaú Cultural algumas obras deste importante artista.

20.5.05

Quem Vigia os Vigilantes?

netopticon project é um compêndio de obras que tratam do tema da vigilância e invasão de privacidade, a nova obsessão cívico-artística. O nome do projeto remete à idéia do panóptico, criada pelo filósofo Jeremy Bentham, que imaginou um sistema penitenciário onde não haveria nenhum canto que não pudesse ser observado.


Há trabalhos clássicos, como "Poem for Echelon", versos extraídos do infame sistema global de vigilância e "Maximum Security (hacking on paper)", um mural composto por e-mails de Hugo Chaves capturados clandestinamente durante as eleições venezuelanas.

12.5.05

Electronic Easy Rider

Uma das trinta video-esculturas que compõem "Cybertown", monumental instalação que Nam June Paik realizou em 1996 no Museu de Arte de San Jose, chama-se "Phiber Optik".


A peça enaltece o espírito libertário da Internet e, de quebra, um dos maiores hackers da História dos EUA. Uma resenhista comparou a obra de Paik com "Falling Man", de Ernest Trova, mas ela está mais para o filme "Easy Rider" rodado em alguma auto-estrada da informação.

27.4.05

Pensata

A revista eletrônica MAzine, elaborada pelos doutorandos do Ravensbourne College, acabou de lançar um manifesto para as comunidades de rede. Assinam o documento: Nettime, Syndicate, NetBehaviour, Rhizome, In These Times, Reingold Brainstorms Community, Emergent Democracy e ERiders. No item 3, está disposto: Networked Media promotes fluid cross-cultural, cross-specialist exchange, offering valuable tools and relationships to isolated individuals as well as institutions of research, education, business and government. O pessoal do FILE já fez uma proposta semelhante ao Itaú Cultural. A mídia arte (ou melhor: a arte em mídias digitais e eletrônicas) é uma área em amadurecimento no Brasil, e isso torna necessária uma troca maior de conteúdos e relatos entre os agentes. Mas isso não se verifica no decorrer dos percursos, pois os mesmos agentes assumem que são multiculturalistas apenas no que se refere à nossa notória democracia racial. O mundo espera que o Brasil exporte sua multiracialidade para o mundo, já que a nossa pátria foi a única que "resolveu" a questão racial. Bem, se somos em tese multiracialistas, haveremos de ser multiculturalistas em todas as questões, mesmo as que envolvem uma concorrência mais aguerrida. Outra concepção errônea referente à falta de colaboração na área de arte tecnológica no Brasil foi criada também pela chamada subjetividade capitalista. Numa sociedade em que o capital é rei, o ato de concorrer é mandatário. A concepção galbraitheana - baseada no conceito de mercados econômicos - declara que as aspirações humanas são grandes (para não dizer infinitas), enquanto os recursos são limitados. A escassez de recursos é uma verdade aceita "a priori" e raramente é contestada numa sociedade capitalista. Mas, se o próprio dinheiro é uma entidade passível de contestação (compare os pontos de vista de um franciscano e de um financista a esse respeito), então a escassez seria muito mais. Há escassez de arte tecnológica no Brasil, assim como há "escassez" de freqüências para concessões de tevês? Que maravilhas escondem as garagens de cientistas e artistas brasileiros preocupados com as novas tecnologias? Em breve, uma tentativa de resposta.

18.4.05

Cidade Interativa

Cidade das sombras, desafio colaborativo, histórias híbridas, não-lugares, playgrounds alternativos, arqueologia urbana, cidade exposta, cruzamentos abertos, cidade operacional, cidade hackeada, cidade parasita, cidade de código aberto, economias alternativas, tipos de prefeituras, mapeamento de comunidades, cidades paralelas...


A listagem apresenta alguns dos assuntos que serão abordados em Interactive City, festival global ligado ao ISEA2006. Notem que a proposta é diferente do projeto de intervenções urbanas Arte/Cidade. Não é melhor nem pior. É diferente. E nisso está o mérito. As chamadas para os trabalhos estão abertas. Michael Rakowitz, are you copying?

14.4.05

The Meat

Dentro do seminário Corpo Representado, acontece hoje no Itaú Cultural a mesa "Corpo Virtual", com a participação de Lucia Santaella, (professora da PUC/SP, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais, Cimid) e Lucia Leão, artista, escritora, pesquisadora e organizadora do seminário Cibercultura (o nome lembra alguma coisa?). A discussão promete, pois o corpo hoje é artigo – digamos – dispensável dentro do contexto das redes. Mas qual a origem dessa idéia amalucada?


"O corpo é apenas um pedaço de carne". A constatação de Case, protagonista do livro Neuromancer, resume as dúvidas do corpo humano com relação a seu papel dentro dos meios de comunicação mediados por computador. As limitações do corpo tornam-se mais agudas dentro da "alucinação consensual" das redes de computadores, segundo a definição do próprio Gibson, autor do livro. Já na linguagem deleuziana da esquizoanálise, a rede cibernética seria um "corpo sem órgãos" que trafega e é trafegado por fluxos desterritorializados, como o capital e outros tipos de códigos recambiáveis.

29.3.05

Bolo de Coisas

Depois que a Igreja colocou o livro “O Código da Vinci”, de Dan Brown, em seu Index Prohibitorum, não será uma surpresa se outros ramos conservadores da sociedade começarem uma nova campanha contra a "violência dos videogames". Ao observarmos as pinturas a óleo do artista austríaco Hans Bernhard, que retratam de forma pixelizada os atentados terroristas de 11 de setembro, inevitavelmente pensamos que em breve alguém vai misturar o Flight Simulator com o Counter-Strike. Mas ainda não há estudos conclusivos sobre a influência de videogames sobre os jogadores, assim como não há um estudo conclusivo que prove que a propaganda bélica de Walt Disney, na época da Segunda Guerra Mundial, tenha criado uma legião de soldados facínoras.


Por outro lado, a discussão é benéfica do ponto de vista da narrativa. Por exemplo, quando pensamos em um game genuinamente brasileiro, o que vem à cabeça? Canudos, talvez. Cidade de Deus, Guararapes. Mas por quê pensamos em jogos do tipo "shooter", quando pensamos em games? Há algo de vicioso nesta postura. Nem todos os games são "shooters" e nem todos os jogos precisam necessariamente conter uma temática violenta ou uma narrativa que implique em contravenções.


Repare, por exemplo, um desconhecido game para PlayStation 2, da Namco, chamado Katamari Damacy. O título, segundo a Wikipedia, significa, numa tradução livre, "bolo de coisas". O enredo é mais ou menos sobre a história da perda das constelações do firmamento pelo Deus do Cosmos. O objetivo do jogador é correr por vários cenários rolando uma bola que tem o poder de grudar os objetos do ambiente. Para reconstruir a constelação de Câncer, o jogador deve, por exemplo, fazer grudar na bola pequenos caranguejos. Além da originalidade da narrativa, outro aspecto que chama a atenção é o senso de lógica espacial e física criado pelo engine do jogo. Por exemplo, apesar de terem o mesmo tamanho dentro do universo disposto, é muito mais fácil fazer grudar no Katamari uma camiseta do que um vaso. Outros fatores dignos de nota são os gráficos e as cores. A estrutura é simples, mas as cores são compostas de forma equilibrada, dando a sensação de vivacidade. Talvez não seja prematuro afirmar que Katamari Damacy é um dos mais originais jogos da atualidade.
UPDATE (31/03): Veja os screenshots da seqüência do game. Nós queremos! Nós queremos!

17.3.05

Meu Adorável Camelô

As novidades do setor da música digital mudam a cada dia. Por exemplo, está em curso uma discussão sobre como coligar duas opiniões aparentemente contraditórias sobre o direito autoral nos dias de hoje: a primeira, do professor da faculdade de direito de Stanford, Lawrence Lessig, defende uma menor prescrição dos direitos autorais; a segunda, de Chris Anderson, prega que os nichos de produtos culturais que perderam evidência comercial (como, por exemplo, LPs fora de catálogo) estão readquirindo inusitado valor na "prateleira infinita" da Internet. A posição de Anderson, entretanto, admite não necessariamente que os autores originais podem e devem ter vantagem financeira sobre os produtos culturais que estão disponíveis no que ele chama de "long tail". Na cultura do remix, os direitos autorais devem ser mais flexíveis e devem prever que o produto cultural poderá ser "remixado", reciclado e reprocessado por terceiros, quando deixarem de estar em algum topo de lista. Ou seja, Lessig e Anderson discordam sobre a extensão temporal dos direitos autorais, mas concordam com a possibilidade de os produtos poderem ser reapropriados em nome da sobrevivência e preservação da cultura humana.


No Brasil, a discussão deve se concentrar em assuntos como a nova cadeia produtiva de música que começa a se descolar da economia oficial. Neste cenário, saem editores, distribuidores e arrecadadores e entram os piratas e camelôs, que passam a ser os novos agentes de facto. No artigo A Música Paralela, publicado na Folha de São Paulo em 13/10/2003, o antropólogo Hermano Vianna detecta e coloca em discussão a nova realidade: A música circula mais como bytes do que como objetos reais que podem ser comprados e manipulados no mundo 'não-virtual'. Os músicos não têm mais gravadoras nem o custo de prensar os discos, imprimir as capas ou distribuir os produtos – esse custo todo fica por conta dos camelôs e seus sistemas não-oficiais de indústria e comércio. Nota-se, neste cenário, que a mídia mais importante é o MP3 que vai para os DJs das aparelhagens ou dos programas de rádio e para as fábricas de quintal de CDs contratadas pelos camelôs. Mas como, perguntam-se os defensores do atual estado de coisas, os músicos vivem, se não ganham dinheiro com vendas de discos nem as sociedades de arrecadação de direitos autorais têm o mínimo controle sobre o que toca nos programas de rádio ou nas festas de aparelhagem? Hermano responde: vivem das apresentações ao vivo, é claro - e nisso parecem ser pioneiros e vanguarda da música pop em tempos pós-Napster.

15.3.05

História da Realidade Virtual

O alemão Oliver Grau, historiador de arte, vai dar uma palestra no Centro de Convenções do Centro Universitário Senac. Sua contribuição às artes em mídias digitais é fundamental, já que desde 2000 se dedica ao desenvolvimento da primeira base de dados internacional de Arte Virtual, que visa documentar o campo emergente da arte imersiva pioneira. Suas idéias, expostas em livros como "Virtual Art: From Illusion to Immersion", mostram que a realidade virtual não é um fenômeno recente das expressões artísticas (ele cita, por exemplo, a Sala delle Prospettive, uma série de afrescos com imagens da cidade de Roma em perspectiva, pintados no século 14 pelo artista Baldassare Peruzzi). A palestra vai acontecer no dia 21 de março, às 20:00, no auditório 3 e 4. O Senac fica na Avenida Engenheiro Eusébio Stevaux, 823, Santo Amaro (telefone: 5682-7571).

11.3.05

Games Golden Age

Um dos programas de comissionamento do Rhizome.org para 2005 escolheu e vai financiar sete projetos que "contribuem para o aspecto artístico, ou interpretam de forma abrangente o universo dos games". A comissão escolheu jogos interessantes, que modificam vários arquétipos dos modelos tradicionais e despertam reflexões.

Media Blackout e Average Shoveler, por exemplo, exploram o excesso midiático que está gerando o que King Crimson chamou de "21st Century Schizoid Man". O objetivo do primeiro é dominar as black-ops da mídia e as psy-ops do exército; o do segundo é erradicar a mente do personagem de todo o lixo despejado pelos meios de comunicação de massa, lixo este que cai candidamente do céu na forma de flocos de neve.

7.3.05

Tekné da Terrinha

O diretor João Urbano está anunciando o lançamento do quarto número da revista NADA. Para não perder o hábito, publicamos mais uma vez em nosso blog as novidades sobre esta que consideramos ser uma das revistas mais interessantes sobre arte, ciência e tecnologia da atualidade. Neste volume há uma entrevista com Bernard Stiegler, para quem a técnica é a questão central da Filosofia, assim como o ensaio "Repensando a Fotografia na Era das Biotecnologias", do artista e teórico Brasileiro André Favilla.


Por falar em nossos conterrâneos, o pessoal da revista CRÓNICA está também propagando a nova edição da revista. O português de Portugal é impagável. Sintam vocês o ritmo ibérico da melopéia de nossos irmãos: A crónica tem o prazer de vos apresentar King Glitch, um disco ecléctico, herético, espalhafatoso, chiqueiral abastardado e abandalhado sem qualquer ironia no título, um gozo pegado. Esta extravagância que nos é brindada por este par de gonzo-musicians islandeses, parece ter sido produzida durante a rodagem de delírio em Las Vegas e pode muito bem ser enquadrada como um saudoso adeus a Hunter S. Thompson, paz à sua alma. Não perca ainda a aventura videográfica "Making of a hit record" e acompanhe os nossos heróis numa fantástica cruzada pelo vale do estrelato. Excentricidade pop de abanar a barraca, a não perder.

1.3.05

Economia da Cultura Digital

Para quem pesquisa a cultura digital, talvez valha à pena investir apenas U$15 no Economising Culture: On 'The (Digital) Culture Industry', primeiro livro da série DATA Browser, da editora Autonomedia. Note o time de colaboradores: Carbon Defense League & Conglomco, Media Conglomeration, Adam Chmielewski, Jordan Crandall, Gameboyzz Orchestra, Marina Grzinic, Brian Holmes, Esther Leslie, Armin Medosch, Julian Priest & James Stevens, Raqs Media, Jeremy Valentine, The Yes Men, entre outros.

A licença dos textos, como não poderia deixar de ser, é Creative Commons. Como aperitivo, a editora está oferecendo no site um dos textos, Economising Culture: On The (Digital) Culture Industry, de Geoff Cox, Joasia Krysa & Anya Lewin. Já encomendamos o livro, para ser resenhado em CIBERCULTURA.

24.2.05

Videoartones


Convergência. Palavra muito desgastada atualmente. Mas, e se fosse dada a ela mais uma chance? Como, por exemplo, a inserção de videoarte nas telinhas dos celulares? A Nokia se adiantou e lançou uma série de vídeos artísticos, assinados por nomes como Nam June Paik, Louise Bourgeois e Osmo Rauhala, para serem abaixados como ringtones e executados enquanto os aparelhos tocam. A tecnologia em si não tem nada de pirotécnica; as possibilidades, sim. (Dica de Paulo Henrique Ferreira)

21.2.05

Passaporte da Alegria

A proposta do grupo austríaco Sabotage era distribuir passaportes falsos na cerimônia de inaguração do Contemporary Arts Center, em Cincinnati, EUA. Claro que os "críticos de arte" do Departamento de Segurança Interna consideraram os documentos do State of Sabotage de péssimo gosto e recolheram todo o material.


Provavelmente, o artista Mathieu Briand não corre esse risco na Bienal de Emergência da Tchetchênia, organizada pela International Federation of Human Rights Leagues no Palais de Tokyo, em Paris.

17.2.05

Skating the International

Os editores da revista russa Chto Delat estão promovendo o projeto Drift. Narvskaya Zastava, que tem como objetivo fazer um mapeamento artístico do bairro Narvskaya Zastava, em São Petersburgo, berço de idéias urbanas utópicas desde o período revolucionário. Valendo-se de táticas de realismo crítico e práticas situacionistas, teóricos e artistas estão analisando e interpretando a arquitetura construtivista do famoso bairro russo. Há artigos de notório interesse no site.


A mania de usar a cidade como o próprio material da prática artística (e não como simples suporte) está em voga. O artista Andrei R. Thomaz, por exemplo, lançou o projeto _Uses of Space_, um registro de utilizações de espaços físicos das cidades, trabalho inspirado no livro The Poetics of Security: Skateboarding, Urban Design, and the New Public Space, de Ocean Howell, que reflete sobre a maneira pela qual os skatistas se apropriam dos espaços urbanos.


O videoclip This Fire, da banda Franz Ferdinand, talvez seja o resultado de uma obscura nova onda de iconografia soviética, já que costura, despropositadamente, a imagética de Narvskaya Zastava com o som dos skatistas de Thomaz.

11.2.05

Art-Hoax

No campo da arte contemporânea, a falsificação de obras de arte ganhou escala considerável muito por culpa do pintor Salvador Dali, que, aproveitando-se de uma onda de popularidade na década de 1960, escreveu em mais de 30.000 telas em branco sua assinatura, todas com um estilo diferente. A elevação da assinatura de Dali ao status de "obra de arte" facilitou ao extremo o trabalho dos falsários e, mais importante, acendeu o debate sobre "autoria".


Fala-se muito nestes dias de art-hoax, ou a engambelação como forma de arte. Muitos hão de lembrar do trote que o grupo austríaco monochrom pregou nos curadores da 25ª Bienal de São Paulo, em 2002. Ao invés de enviarem uma "obra", os pranksters decidiram "enviar" o "artista" Georg Paul Thomann ao Brasil. O projeto tático-irônico foi tão bem articulado, que o hipotético artista ganhou biografias, monografias, artigos e todo um complexo aparto simbólico-narrativo para auferir sua existência. O que era a princípio uma manifestação contra o governo de direita austríaco, acabou se tornando uma das estripulias artísticas mais notáveis dentro do âmbito da arte contemporânea.

A dificuldade de se separar o que é real do que é armação tornou-se um auto-de-fé. Hoje, alguém que atende pelo nome de "A Certain Geert" enviou a seguinte mensagem para uma das listas de discussão da Syndicate: I am sure that Reinhold Grether does not exist since I am in process with him in Germany. He wants to kick me out of my website, pretending that it is his website, while nobody on this earth can be sure whose website is my website. Beware, not only Reinhard's work is fictive, but he is a fictive person. Also identity hacking is boring when nobody on this earth would confuse me with a fictive person, I am me, my website is my website and I have absolutely nothing to do with certain fictive addresses and a fictive person. Seria então o Dr. Reinhold Grether, autor de uma famosa coleção de links sobre net art, uma pessoa fictícia? Que seja criado, então, um novo ramo do jornalismo: a reportagem investigativo-artística.



Não são raras as vezes em que os próprios teóricos que pregam o fim da autoria com a mesma verve de um Fukuyama são vítimas de suas próprias palavras. No paper Assinaturas Assimiladas: o Direito ao Nome Próprio, o artista paulista Cícero Inácio da Silva revela que "tudo que faço, na maioria das vezes, é criar pequenos algoritmos computacionais que tem os mesmos nomes dos autores que dizem que a autoria acabou, ou seja, que não há problema na apropriação, sendo que os algoritmos produzem uma série de textos, em muitos casos sem nexo algum, e depois os assinam com seu próprio nome". Ao tentar confirmar suas teorias, Cícero Inácio acabou provocando a ira do respeitado diretor da revista Leonardo, Roger Malina, que chegou a enviar ao artista um e-mail do tipo cease and desist. "Dizia ele no e-mail que o projeto, ou melhor, a revista Plato On-line depreciava o trabalho das pessoas que estavam com seus nomes expostos. Mais do que isso, afirmava que a Plato, por ser uma revista copiada quase na íntegra (visualmente) da Leonardo, enganaria as pessoas e elas acabariam lendo uma coisa que não pertencia aos autores reais".

A conclusão extraída dos casos citados acima é que a criação de obras e textos apócrifos, vista antes como um ato menor, quase um conto do vigário, hoje é uma instituição artística respeitada. Os clones de Dali devem estar se revirando em suas provetas...

UPDATE: O Cícero Inácio nos enviou um e-mail apontando para a mais recente obra-prima da art-hoax, uma peça elaborada por um dos integrantes da dupla The Yes Man, que se fez passar por um porta-voz da empresa Dow Química, responsável por uma das maiores catástrofes industriais da história, o desastre de Bhopal, na Índia (após vinte anos, o acidente continua matando uma pessoa por dia). O "porta-voz" conseguiu convencer a surcusal francesa da BBC de que a Dow estaria preparando uma indenização bilionária aos parentes das vítimas. A matéria foi ao ar e causou a queda das ações da empresa. Veja o trecho da entrevista e leia a história completa aqui.

3.2.05

Salsichas Espaciais

O misterioso Carlos Katastrofsky anuncia a primeira edição da revista eletrônica wurstmaschine, com a proposta de discutir a liberdade de comunicação e as restrições impostas pelo direito autoral. Depois de explicar no editorial o que significa o título da revista (wurstmaschine é uma máquina de processar salsichas), Katastrofsky expõe a fundo a hipótese da panspermia, segundo a qual germes de seres organizados se encontram em todos os lugares, aguardando condições favoráveis para o seu desenvolvimento. A estratégia da revista é, porém, revelar o problema de excesso de informação que acomete a humanidade em tempos de Internet.

1.2.05

Contemplação Remixed

A partir da década de 80, artistas começaram a usar com mais assiduidade softwares para manipular os parâmetros da expressão artística. A exposição Decipher: Hand Painted Digital, na Rotunda Gallery, em Nova York, explora este filão, mas vai mais além: as obras são criadas a partir de elementos tecnológicos, mas são finalizadas à mão, com métodos tradicionais. Um exemplo: Untitled (Light Green Lincoln), de James Esber.

31.1.05

Arte do Deslocamento

A exposição RETURN, na galeria Longwood Art Gallery (Bronx, NY), evoca a coragem e a ousadia de Edwin Ramoran, diretor do Longwood Arts Project. O artista Michael Rakowitz montou uma instalação que recria a antiga empresa de importação de seu avô iraquiano, a Davisons & Co. Dentro do espaço, os visitantes podem enviar, sem ônus, objetos pessoais para qualquer cidadão no Iraque. A idéia é revelar "as dificuldades logísticas de se enviar remessas para um país sob governo provisório de ocupação". Mas há um outro objetivo intrínseco: mostrar a farsa da reconstrução ao transformar uma identidade nacional numa transação entre duas partes deslocadas. "Quem lucra com isso?", pergunta sagazmente Rakowitz.

27.1.05

Power To The People

Debates interessantes aconteceram na conferência Blogging, Journalism & Credibility, realizada recentemente na Universidade de Harvard. Ray Josen, do PressThink, foi categórico: há um novo processo social decorrente da interação entre novas tecnologias e meios de comunicação de massa que está colocando os tradicionais modelos de credibilidade em xeque. Os leitores agora são os verdadeiros editores. Há algo de novo no ar. Não sabemos ainda exatamente o que é, mas há algo com certeza.

Paisagens Sonoras

O projeto instantworld, de Laura Kavanaugh e Ian Birse, integra sons e imagens de diversos locais ao redor de mundo numa composição única, tudo com tecnologia MAX/Jitter. Eles agora estão procurando uma estação no Brasil. Tirante a parte de imagens, o projeto da dupla canadense lembra o Soundscape FM, que vai ser executado no transmediale.05. Trata-se de uma estação de rádio pirata que vai agregar e transmitir diversos sons e tons expelidos pela cidade de Berlim.

26.1.05

Máquinas Maravilhosas

Julio Verne foi um escritor com idéias muito além de seu tempo. E Jean-Marc Deschamps é um modelista que prestou uma homenagem em grande estilo ao criar modelos reais das máquinas maravilhosas imaginadas por seu mestre. Partindo de gravuras de Neuville, Riou, Russet-red, Bennett - artistas que ilustraram os livros de Verne na época - Deschamps desenhou e criou os modelos de máquinas como o navio Albatroz ("Robur, o Conquistador", 1886), o balão Victoria ("Cinco Semanas em um Balão", 1863) e, claro, o submarino Nautilus ("Vinte Mil Léguas Submarinas", 1869).

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